09.11.10 - MÉXICO
Fonte: http://www.adital.com.br/
50 mil grandes represas afetam comunidades em todo o mundo, diz entidade
Karol Assunção *
Adital - "Águas para vida, não para a morte!". Esse é o grito da organização internacional Amigos da Terra em solidariedade com as lutas contra as represas em todo o mundo e com a população de Temacapulín, no México, que celebra, amanhã (10), o Dia Internacional de Solidariedade com Temacapulín.
A preocupação da Amigos da Terra pela questão das represas não é a toa. De acordo com comunicado divulgado pela organização no último dia 23, já foram construídas mais de 50 mil grandes represas em todo o mundo. Isso, segundo ela, representa cerca de 60% das águas dos rios represadas e mais de 80 milhões de pessoas deslocadas em todo o mundo.
"As represas têm inundado milhões de hectares de matas e florestas, destruindo ecossistemas de maneira irreversível, causando também o desaparecimento de mangues, aquíferos e espécies endêmicas. Que as represas geram quase 5% dos gases de efeito estufa e aguçam a crise climática, pelo que as faz mais insustentável", observou.
Por conta disso, Amigos da Terra aproveitou o comunicado para rechaçar as represas como Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) e para apoiar a Declaração de Temaca, elaborada no III Encontro Internacional de Afetados pelas Represas e seus Aliados, ocorrido entre os dias 1° e 7 de outubro em Temacapulín, Jalisco, no México.
Na Declaração, os participantes do encontro expressaram solidariedade com Temacapulín, Acasico e Palmarejo, assim como com as lutas do Movimento Mexicano de Afetados pelas Represas e em Defesa dos Rios (Mapder) e com demais comunidades, povos e cidades mexicanas que correm risco de serem inundadas por conta das represas.
"Há dez anos de emitidas as importantes recomendações da Comissão Mundial de Represas, na maioria de nossos países, os direitos das populações continuam sendo violados pela construção de represas. Os rios seguem sendo represados e transvasados, as selvas inundadas, os peixes e outras espécies exterminadas. Em aberta violação de acordos internacionais e leis nacionais, povos indígenas e tribais, minorias étnicas e comunidades tradicionais são desproporcionadamente saqueadas e afetadas pela selvagem exploração de seus territórios, terras e recursos", aponta o documento.
Diante desse quadro, a Declaração de Temaca destaca, entre outros pontos: que as organizações participantes do Encontro em Temacapulín se opõem à construção de represas social e ambientalmente destrutivas, à construção de obras que não tenham sido aprovadas pelas comunidades afetadas, e rechaçam os subsídios do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo para projetos hidroelétricos destrutivos; e que governos, instituições financeiras e corporações devem submeter-se à aceitação pública nas decisões sobre represas.
"Demandamos o respeito total ao conhecimento e manejo tradicionais dos territórios dos povos indígenas e tribais, comunidades tradicionais e camponesas e de seus direitos coletivos à autodeterminação e liberdade, seu consentimento prévio e informado no planejamento e na tomada de decisões sobre água e energia", acrescentaram.
* Jornalista da Adital